dezembro 25, 2012

Ridalvo é um acontecimento. Um estado de graça. Um (re)encontro. Sol e Lua. Sereia e Sertão. Grito e Acalanto. Ópio e Bálsamo.

Mel e mel.

Único, nu, total.

A mais genuína alegria. Um cometa em combustão.

Ridalvo e seu sobrinho.

Menino-pássaro de uma ingenuidade tabaroinha que comove e nos devolve à criança que ainda somos. Menino-flama da fogueira de São João. Menino-flor do Crato. Sotaque da terra, Kariri, Quipapaú, água que corre entre as pedras. Pé de quixabeira e mandacaru, orquídeas e gravatás, rosa e carnaúba.

Quando gungas, caixas e caxixis, dançam as divindades.

Quando coco, xaxado e maracatu, dançam as divindades.

Ridalvo e uma senhorinha, no México.


dezembro 25, 2012

foto_VALDIR

Valdir e eu.

Valdir vendia pão integral nos intervalos das aulas, Estadual Central, 1992. Certa vez comprei pão só para puxar assunto. E a prosa foi certeira, costurou sonhos e promessas, lirismos e política, clube da esquina e tropicália. E vem, a linha e o linho, desenhando nosso amor de amigo, tão livre, tão sem cobrança. Desde o início, estar perto dele é como cantarolar uma leve canção.

A figura humana mais atenciosa que conheço é o Val, não há esforço, o cara é bossa nova. Uma atenção espontânea, que nos alcança já com colo quentinho, lírios e canela. Sua doçura é como a voz de Chris Martin (Coldplay) em Fix You, nos invade, porque há ali, naquele timbre, uma ternura natural, uma inteligência harmônica. E seus silêncios.

Nem me atrevo aqui a contabilizar as gargalhadas noites e madrugadas afora; as fossas, quantas (!); as perdas; as conquistas; a comunhão…

Seu riso é cura. Seu abraço, um lar. 

LAPA VALDIR

Lapa, foto de Valdir no início da carreira.


dezembro 22, 2012

O erotismo obscuro-solar de Caetano Veloso

Não quero escrever como esses críticos de jornal tão chatos e previsíveis que buscam explicar os arranjos com frases feitas e desqualificar uma letra com fragmentos mal editados… Alguns, mesmo quando elogiam, lançam uma nota 8,6 no final, como se julgassem uma provinha mal feita de vestibular. Não.

Também não caio no papo de jornal que convida um filósofo mofado para afirmar, com pompa e pós-graduação no exterior, que não entendeu a letra. Ah!, camarada, feche o livro e vá viver, como diria o poeta Pablo Neruda. Você não entendeu até hoje que A BOSSA NOVA É FODA?

[A nossa vida nunca mais será igual/samba-de-roda, neo-carnaval, Rio São Francisco,/ Rio de Janeiro, Canavial/ A Bossa Nova é Foda!]

Pós nenhuma ensina, amigo, abra os seus ouvidos e ouça com o centro da sua nuca. Olhe a nota a se desvestir na sombra de sua sala vazia. Respire com o seu diapasão interno. E cante, não assim tão tépido, a brasa da canção.

Escrevo como quem escuta

Sem ponto final

nem bulas

O cd é CorpoColado, erotismo solar, intenso-certeiro, com suas raspas e arestas, asas e setas.

[Eu que me posto exato entre teus lados/Determino teu centro, sou teu vinco/Finco o estandarte em teu terreno tenro//Mesmo assim fundo o império no teu meio//Terra que sente o próprio gosto, terra/Vermelha e rosa de pétala íntima/Mas terra onde hasteio uma nação/De desfazer-me o meu eu, eu, eu, eu, eu]

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O cd é triste e se pergunta. Quando áspero, nos cala. Algumas notas, repetitivas, performam o nosso pequenino e casual (?) lugar humano. Onde e quando o sentido? A guitarra-pulso de Pedro Sá. E a percussão-faca de Marcelo Callado.

[Estou triste tão triste/Estou muito triste/Por que será que existe o que quer que seja?/O meu lábio não diz, o meu gesto não faz/sinto o peito vazio/e ainda assim farto/Estou triste tão triste/E o lugar mais frio do Rio/ É o meu quarto.]

Caetano desnuda a velhice no gesto,  Tempo-Espaço. Ele, movimento solitário-plural, todO oxímoro, todA possibilidade. Um ele-ela singular, mesmo quando muitos. Encarte e canções não em vão, no grão da voz. 70 anos. À flor da pele. E seus ocres.

Teatro-ação-ballet-pina-bausch, olhos na boca, pop-trovador. Canta – com os machados de xangô – a utopia de Marighella, o caos, o cáustico abismo entre os homens.

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Quanto + funk melódico + pagode romântico, mais requintado. Esse resultado irrita o típico jornalista da grande mídia, que quer colocar os rótulos nas suas devidas prateleiras. Impossível. Uma alegria excelsa para você.


dezembro 9, 2012

Blacknoir

 

Black noir


dezembro 9, 2012

Por que os peixes falam francês, não alemão?
Quem precisar fazer mergulho, natação
Quem precisar fazer discurso no dorso do mar
Vai se matricular num curso de nadar
Deve falar em francês para poder conversar
Todos os peixes do mar falam por bolhas de ar.

Canção de Alberto Continentino e Domenico Lancellotti

Na voz da rainha das águas claras, Adriana Partimpim.

Quer ouvir?

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http://www.youtube.com/watch?v=PFRx6lkvxT0