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r
b
e
a
b
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s
m
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– um espanto.
Renata Cabral
Nove horas
Renata Cabral
nove horas. da janela, luminotecnia no rosto da cidade em desalinho.
pontilhismo anti- Seurat
favela às escuras.
mancha violácea no escândalo da noite de portas fechadas.
pensaste sangue rosa vênus tiro volúpia?
apenas uma adolescente e seu walk man.
Boate
Renata Cabral
olho quilhão 38 assalta todo o espaço daquele corpo
02:43,
tempo
suficiente para algum romance.
03/01/09
Renata Cabral
sorriso morto dentro de uma gaveta
fatos feito fogo,
fugas em ré menor
o ano começou em guerra
não deram trégua, não há trégua
uma mulher morta próxima à janela
uma mulher morta é ainda apenas uma mulher
alguém risca a parede com as unhas e avisa que é tarde
seu sorriso é como uma cidade
contraditório e inexato
e seus dentes grandes-brancos-imperfeitos
mastigam os compromissos diários
e a estupidez daqueles que contratam e carimbam e contratam e
hoje as horas cantam velozes e catam estilhaços sangue abismos
uma cidade inteira a ver navios.
Edilamar nostalgia
Renata Cabral
os tios morreram de tuberculose na estrada do sertão.
do conflito rapadura versus megalópole, o que vinga é a fome.
lábios de murici com farinha pouca
agruras cavucam o cerne da pauta em movimento – fios de alta tensão.
repente-metal sobre garoa. punks góticos putas escarlates
ou eram travestis?
Edilamar nostalgia
faz promessa de buscar irmã mais moça.
aprendeu a foda com um gringo. fez escola.
conjuga bem artesanato Krenak com cocaína.
trepa de uma nota só.
alhures, dólares não visitam a margem.
carrapatos da urbe de gravata e cachecol.
epilepsias domésticas. circo estrito.
cusparada do camelô na cara do cimento. arde. made in china.
gole de café doce ralo na esquina da Praça da Sé.
não, samba de breque!
liturgia evangélica profana prosternação.
jesus custa caro. slogan de chiclete.
riso aberto na boca de um Zeca sem dente. ele é um. o outro
enreda polifonia poética formato cd. intra-inter-hipertextual.
mza music. diversão vinte e oito reais.
arte não tem preço.
slogan da utopia.