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Tornei-me salgueirense por influência do meu pai, que desfilou na escola… mas ele dividia seu amor com a Estação Primeira de Mangueira, escola de grandes compositores, entre eles Nelson Cavaquinho, seu amigo. Minhas irmãs são doces mangueirenses… Eu, entretanto, senti uma empatia imediata pelo Salgueiro, pela bandeira vermelha e branca… Era gostoso nos reunirmos para ver as escolas, quando crianças e adolescentes… suco, pipoca e aquela alegria candente da mamãe… Hoje sei que Xangô é meu orixá de cabeça e que, claro, aquela junção do vermelho e branco só poderia me balançar… Caê já nasceu amando a escola, estava grávida de 8 meses no campeonato de 1993, quando a escola defendeu “Peguei um Ita no Norte” (Explode Coração/Na maior felicidade/É lindo o meu Salgueiro/Contagiando sacudindo essa cidade…). Ele é um fã do Quinho e vibramos muito no carnaval de 2009, com “Tambor” (Da África… Dos nossos ancestrais/Dos deuses… Nos toques rituais//Tem batuque… Tem magia… Tem axé!/O poder que contagia… Quem tem fé!/Na ginga do corpo… Emana alegria/Desperta toda energia!)
Comento isso aqui por alguns motivos:
1- O desfile de ontem foi vibrante, perfeito;
2- Nesse tempo de fundamentalismo religioso, ouvir a arquibancada entoar o nome dos orixás comove, retrata possibilidades mais leves e harmoniosas de convivência;
3- O samba-enredo soube revelar a força da ancestralidade negra na nossa cultura, no nosso jeito de ser e de amar o planeta;
4-Salvar o planeta é urgente, bem como defender as energias limpas, o respeito aos indígenas e aos quilombolas;
5-Cantar a cosmogonia iorubá é se conectar com outros saberes, é ensinar para além dos livros didáticos – que insistem, em sua maioria, no saber único eurocêntrico.
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Gaia, a vida em nossas mãos.
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Salgueiro na sutileza dos teus versos
Todo o encanto do universo
E a divina criação mistérios da imensidão
Gaia… Terra viva… a riqueza
Gira o mundo meu cenário
Relicário de beleza
Templo sagrado de Olorum
Salve a grandeza de Oxalá
Guardiões da natureza
É a magia dos orixás
Oxum Iemanjá Iansã Oxóssi caçador
Ossanha Ogum caô meu pai Xangô
Nas águas a felicidade… Vermelho e branco é axé
Pra dar um banho de amor na humanidade
Purificando o coração de quem tem fé
Na chama da esperança
O fogo pode transformar
Clareia pra ver nascer um novo dia
Bendito ar que se respira… E o vento a soprar
E no avanço dessa tecnologia
Ecoa a voz da academia
É uma questão de querer aprender a cuidar
E saber preservar
Meu samba vai tocar seu coração
É um alerta ao mundo inteiro
“A vida em nossas mãos”
Buscando a solução… Canta meu salgueiro
O bem que a gente planta
Floresce nesse chão… Canta Salgueiro.
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Autores: Xande de Pilares, Dudu Botelho, Miudinho, Betinho de Pilares, Rodrigo Raposo e Jassa
Intérpretes: Quinho, Serginho do Porto e Leonardo Bessa