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Preciso pintar as letras de dourado para te escrever, meu amigo.
Retintas, elas bailam para fora da razão e dançam essa saudade que ganhou outro corpo e lugar, outro jeito de ser.
Nem todo silêncio é vazio, farpa, escuridão.
Sua ausência é aqui,
passagem, morada, nuvem
e eclipse.
Sua ausência é um corpo,
invisível, resistente, nu,
imensurável.
Sua lira candente, livre…
e um sorriso grande que não se apaga
e longas mãos que atingem novas galáxias e sentidos.
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Em qual eu agora você habita?
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Jairo, também vi suas asas
e muitas libélulas imensas-imersas nessa luz
As páginas não foram arrancadas.
Úmidas,
ensaiaram trovões, folguedos e melodias imprevisíveis.
Triscando o vazio do átomo,
as espirais da cor
reconfiguraram seu movimento
reinventaram seu tempo-espaço
e recolheram
chuvas e íris
caleidoscópio de sinais.
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Te amo ainda mais hoje
e sempre.