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Quatro de julho de dois mil e treze, completo hoje 40 anos de vida.
Ainda não sei andar de bicicleta, ainda não acertei a receita de brioche. Muitos sonhos mofaram engavetados, outros ainda ensaiam voo.
Meus olhos respiram e fotografam os aromas das ruas. O outono não é tão bonito quanto o da infância, agora é seco e cheira a fuligem.
Camille Claudel é minha divindade. Simone de Beauvoir, minha musa!
Para a decepção dos que esbravejavam previsões, eu ainda sou como aquela garota, os ideais não foram arroubo de juventude, não passaram… moram em mim e me guiam…
A meninice cresceu comigo e ri quando caduco. É minha sabedoria. Uma de minhas vozes.
Eu passeio bem na alegria do instante. Caminho nas calêndulas orvalhadas sem machucar as pétalas. E voo de pés descalços.
Hilda Hilst é meu remédio, meu alimento. Clarice Lispector, minha oração.
O hálito da canção nasceu aqui e repetiu presságios. Nem todo acorde é assonante.
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Amélie Poulain é um dos meus refúgios lúdicos.
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Fragmentos da minha listinha de sobrevivência:
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Broa de fubá com café quentinho;
flor de gerânio na jardineira;
incêndio na boca da menina
e céu azul-lilás.
Fernanda Montenegro e Giulietta Masina;
Hilary Swank e Sean Penn,
alguém não?
Itamar Assumpção e Jean-Michel Basquiat;
flor no pé de manacá;
Stephen Daldry, seus silêncios,
lugares e nuvens…
Gingado de Mick Jagger;
Cate Blanchett de Bob Dylan;
chuva em Tom Jobim;
Caetano Veloso,
sempre!
Nenhum lp ainda superou meu amor por Circuladô de Fulô, nem mesmo A fábrica do poema, de Adriana Calcanhotto e Quanta, de Gilberto Gil.
Papel rasgado e rascunho
água do filtro de barro;
companhia dos meus cães.
Eu nem peço muito, um estojo de canetas coloridas
e umas estrelas em céu enluarado.
Equilibrar e conduzir uma bicicleta? Que bom que não sabe. Usou sua sabedoria pra nos presentear com sua escrita que é melhor que qualquer brioche com café.
Ah! vc é suspeita…rs
Parabéns, Renata! Pela data, por ser quarentona, pelo texto lindo, lindo, lindo, e por compartilhar esse momento singular! Te desejo tudo de mais maravilhoso e, confesso, fiquei feliz por vc não saber andar de bicicleta – eu tb não sei!!! rsss…
Muitas vezes somos constituídos tb pelas não-sabenças, e por isso somos humanos.
Abraços.