Caçamos o poente, uma bandeira rosa esfumaçada adiante, para lá da cidade. A noite nos perseguia com sua maré de carbono a tomar conta do céu atrás de nós, enquanto a luz dos postes lançava períodos de claridade como estandartes ou faróis a buscar dois fugitivos.

Ilustração de Gabriel Pacheco

(…) os livros, para preencher seus dias inteiros de chuva, enfileiram-se nas prateleiras (…)

Indecisão e devaneios são os anestésicos da atividade construtiva.

Sente vergonha ao reler os parágrafos cheios de lirismo sentimental que pareciam tão genuínos e reais havia poucos meses.

– Deus, quem sou eu? Sentada na biblioteca, esta noite, vi luzes brilhantes no teto, ouvi o zumbido alto do ventilador.

Como explicar a Bob que minha felicidade depende de arrancar um pedaço da minha vida, um fragmento de aflição e beleza, e transformá-lo em palavras datilografadas numa página?

Trechos de Os diários de Sylvia Plath (1950-1962)

Editados por Karen V. Kukil

Tradução de Celso Nogueira. Ed. Globo,  2004.

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