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(…)
estou aqui como tu
borboleta tricolor que pousa no eco das muralhas
e morre a ouvir histórias de um país calcinado.
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(…) estranhos?
estranhos por quê?
talvez o sejamos na distância lusa
dos nossos palmeirais exóticos
panos garridos
gargalhar sensual e provocador
talvez o sejamos até no linguajar materno
que no berço ouvimos
–
mas se hoje procuramos a essência
de um passado comum
é porque aquele acento no coração de todos nós
é a ave migratória dos nossos mares entrelaçados.
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(…)
se um dia meu amor na praia além
olhando o imenso azul
me vires também
é porque eu sou a foz e sou nascente
água corrente
do meu vaivém
–
se um dia meu amor entre o capim
escutares os poemas
que houve em mim
é porque eu fiquei em pensamento
na voz do vento
que canta assim…
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Olinda Beja. Água Crioula.
Literatura de São Tomé e Príncipe.
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