…ilustrações nos roubam da enfadonha previsibilidade…

Holly Clifton-Brown:

infância não seria apenas uma categorização?

o lúdico em nós assiste ao incêndio das cartilhas

e insiste em cantar

– 

meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim

…desenho antimonotonia…

Nicoletta Ceccoli:

Murmúrio


Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
– vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
– vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
– Vê que nem te digo – esperança!
– Vê que nem sequer sonho – amor!

– 

A vida só é possível reinventada.

– 

Gabriel Pacheco:

– 

Deliberei amar. Corto em pedaços

o músculo sangrento, alheio e triste

a quem por isso culpo. Irmão, um dia

aprenderemos a entender a entranha.

E nunca mais seremos diferentes.

Olha-me de novo. Com menos altivez

E mais atento.

A minha casa é guardiã do meu corpo

E protetora de todas as minhas ardências

E transmuta em palavra

Paixão e veemência. 

 

Origem das duas Fridas. Recordação. Devia ter 6 anos quando vivi intensamente a amizade imaginária com uma menina de minha idade. (…) Não me lembro de sua imagem, nem de sua cor. Porém sei que era alegre e ria muito. Sem sons. Era ágil e dançava como se não tivesse nenhum peso. Eu a seguia em todos os seus movimentos e contava para ela, enquanto ela dançava, meus problemas secretos. Quais? Não me lembro. Porém ela sabia, por minha voz, de todas as minhas coisas…

quero dançar com você

dançar com você

– Você é louco?
– Não, sou poeta.

Evangelina Prieto:

Enquanto vive um poeta

O homem está vivo.

Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril.


Como el asaltante que se hace de una bella rehén

y sin dar el frente se escuda con su cuerpo,

pistola en mano, marchando hacia atrás,

así por la fuerza, para escapar del cerco

y para robarte la voz y sentirla

como si fuera la nuestra,

así Poesia te he tomado por asalto.

Acredito que os rios que percorrem o imaginário do meu país cruzam territórios universais e desembocam na alma do mundo. E nas margens de todos esses rios, há gente teimosamente inscrevendo nas pedras os minúsculos sinais de esperança.

Maria Fernanda Matilla:

(…) os sonhos falam em nós o que nenhuma palavra sabe dizer.

Out of this same light, out of the central
mind,
We make a dwelling in the evening air,
In which being there together is enough.

Poh Ling Yeow: 

 um garoto se prepara para herdar o oceano
da margem do céu.

Poemas e fragmentos de Bei Dao,  Caetano Veloso, Cecília Meireles, Frida Kahlo, Hilda Hilst, Juan Calzadilla, Mario Quintana, Mia Couto, Oscar Wilde, Renata Pallottini, Vanessa da Matta, Wallace Stevens.

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