Devemos celebrar a decisão do Supremo Tribunal Federal de reconhecer a união homoafetiva, que garante a declaração conjunta de Imposto de Renda, pensão, partilha de bens e herança, além de assegurar a manifestação individual da liberdade. A ministra Carmem Lúcia chegou a dizer que devemos repudiar qualquer forma de preconceito, o que se contrapõe às ações de alguns padres, pastores e políticos.
Não podemos nos esquecer de que nosso Estado é laico!
Vamos, hoje, comentar um episódio:
O deputado Jair Bolsonaro não se contentou em agredir negros e homossexuais em rede nacional, mandou espalhar panfletos na porta de escolas criticando o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos do Ministério da Educação e Cultura (MEC). A luta antigay do deputado beira o ridículo, seus argumentos são sempre vazios e sem qualquer consistência. Defensor da ditadura militar, com o extenso número de mortos, torturados e desaparecidos, e da tradicional família, alicerçada num patriarcalismo historicamente opressor e violento, Bolsonaro chega a associar a homossexualidade à pedofilia. Ora, deputado, como bem afirmou meu amigo Wellington Costa, as estatísticas de pedofilia demonstram que ela acontece em sua maioria dentro das famílias heterossexuais (instituição que tanto defende!), são pais, irmãos e tios que abusam de meninas e, covardemente, silenciam-nas. Além do mais, essa associação que busca colocar a homossexualidade como uma patologia ou perversão é típica da visão equivocada da medicina do século 19, retomada por Hitler para justificar o parágrafo 175 – que levou mais de 100.000 homossexuais aos campos de concentração.
Que bom que o MEC esteja preocupado com a convivência escolar e com o respeito à diversidade, até porque sabemos que a escola – com os recorrentes casos de bullying – tende a ser o microcosmo de uma sociedade muitas vezes brutal, que espanca e mata impunemente milhares de homossexuais.
A prática política de Jair Bolsonaro – irmanada a uma visão de mundo hitleriana e ditatorial – é perigosa, não apenas porque desrespeita os direitos humanos e a própria constituição nacional, mas porque evoca a brutalidade e a intolerância.