um nenhum
a cidade permanece vazia
cheia de gente vazia cheia
de afazeres
a menina de plástico assobia uma canção que agora existe
[escape do skype
a menina de plástico existe
ela é real ela consome
e tem dois olhos e um traseiro de parar o trânsito
e um vestido e uma rusga e um quarteirão inteiro para caminhar
na rua Erê sou menos sozinho
meu nome é nave
e eu sou triste e comum
mas não único
todo mundo é substituível, me disseram
todo mundo no supermercado às três da tarde
e mais um motoqueiro estirado no chão
quem não acredita?
a cena é clichê, não há saída
homens normais nem olham mais
é mais um motoqueiro
um nenhum
não há saída
homens normais caminham em linha reta
eles têm meta
e, convenhamos, três da tarde não é hora de ninguém morrer.