Acho que Baudelaire dizia-se “um homem sem profissão”. Sinto-me orbitando ao redor do que ele dissera.
O percurso díspar de minhas incursões escolares (Direito, Letras, Psicologia, Gerontologia, Contabilidade, Magistério e Eletrônica) informa um pouco sobre mim.
Profissionalmente, a sala de aula, o consultório, o escritório, a instituição bancária, a fala do palco e o Órgão Público de Cultura também depõem a meu respeito.
São muitos vieses. Daí minha confusão diletante.
Irresponsavelmente apaixonado pela palavra (escrita e emitida). Código e substância. Mínimo e exuberância. João Gilberto e Maria Bethânia. João Cabral e Waly Salomão. Caetano Veloso. A contenção e a desmesura.
Não é lindo que:
- João Gilberto tenha se inspirado em Orlando Silva?
- Os irmãos Campos e Décio Pignatari amem o Barroco?
- Maria Bethânia ache Billie Holliday a expressão mais bela do canto?
- Waly Salomão considere João Cabral o inventor da poesia no Brasil?
- João Guimarães Rosa tenha transcriado da fala sertaneja (amêndoa pétrea) a prosa poética da angústia do tempo e do ser, que ele seja nosso Zeitgeist?
Referências tantas num corpo de subjetividade real e dialética já que eu não sou de ferro.
Palavra que cumpra a função de comover, desorientar, deixar perplexo, deixar em riste.
É a partir do que eu dissera que encontra-se o que escrevo.
Por Robson Santos