Quase todo poeta denota em si a cidade-imagem…
E o que não remonta carrega o odor do devir
Que cobre todo o lago azul
Onde as palavras estão gastas de medo.
Quase todo poeta denota em si o encontro do absurdo,
O mediterrâneo aberto para contemplar as árvores
Que surgem dos seus olhos,
O grito em branco derramado
Sobre mísseis distantes…
Quase toda poesia respira ainda que sob gases e solventes,
Ainda que turvo infarto, lugar piano onde as mãos
Não podem nada dizer frente ao poema,
E nada mais restar ao escuro da voz,
Quase toda fina,
E os papéis velhos derramam os dias novos que respiram…
Julius.
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Julius é um desses amigos que a gente encontra, depois de longa data, e parece que foi ontem. A intimidade continua ali, misteriosamente instalada. Inteligentíssimo, tira-me sempre da obviedade cotidiana, cansativa e reducionista. Quando o encontro, volto a sonhar… chego em casa e, sem perceber, estou com o lápis na mão e um sorriso de derramar crisântemos e íris.
muito bom este rapaz!