É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua.
Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d’água, bebida. A vida é líquida.
Hilda Hilst
Para ela a escrita é um sobressalto…
Hilda Hilst no dia internacional da mulher…
porque definitivamente queremos lacerar as conformidades e subverter os clichês.
Chega de poesia forno-e-fogão do interior mineiro, católica e retrógrada, para nos “homenagear”.
Vim pela afirmação da negação de Adélia… a provocação me pegou… graças a ela (ela=adélia ou ela=provocação?), aqui estou encantada com suas palavras, seu olhar, sua força… enfim, um dia apropriado para (re)conhecer uma grande mulher.
Beijinhos.
Vim pela Marcia, seguida de Adelia.
Para tirar essa impressão vc “deveria” ver/ouvir a palestra de Adelia pronunciada no Sempre um Papo.
O primor! vc vai gostar, garanto. Seu bolg é bem interessante. E, coincidentemente, estou lendo o Herberto Helder. Um abraço,
O poema de Hilda Hilst é forte e bonito.