É crua a vida. Alça de tripa e metal.

Nela despenco: pedra mórula ferida.

É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.

Como-a no livor da língua.

Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me

No estreito-pouco

Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida

Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.

E perambulamos de coturno pela rua

Rubras, góticas, altas de corpo e copos.

A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.

E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima

Olho d’água, bebida. A vida é líquida.

                                                                              Hilda Hilst

 

 

Para ela a escrita é um sobressalto…

Hilda Hilst no dia internacional da mulher…

porque definitivamente queremos lacerar as conformidades e subverter os clichês.

Chega de poesia forno-e-fogão do interior mineiro, católica e retrógrada, para nos “homenagear”.

3 Responses to

  1. Bete disse:

    Vim pela afirmação da negação de Adélia… a provocação me pegou… graças a ela (ela=adélia ou ela=provocação?), aqui estou encantada com suas palavras, seu olhar, sua força… enfim, um dia apropriado para (re)conhecer uma grande mulher.
    Beijinhos.

  2. Clara do Espírito Santo disse:

    Vim pela Marcia, seguida de Adelia.
    Para tirar essa impressão vc “deveria” ver/ouvir a palestra de Adelia pronunciada no Sempre um Papo.
    O primor! vc vai gostar, garanto. Seu bolg é bem interessante. E, coincidentemente, estou lendo o Herberto Helder. Um abraço,

  3. Clara do Espírito Santo disse:

    O poema de Hilda Hilst é forte e bonito.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: