João Cabral: dentro e fora, forma e sentido.
Por Robson Santos
Pedra-de-toque.
Pedra-de-rumo.
O que tem uma língua a oferecer
e o que dela faz alguns desbravadores.
Um poeta das formas, matemático dos versos,
não dá de costas ao sentido.
É que ele compreende que o tal conteúdo
é refém-irmão do código da emissão.
João Cabral gravita ao redor do sol
com uma poesia substantiva.
Adjetivo e metáfora são submetidos exaustivamente
ao esmeril. Só assim cabem
meticulosos
na frase poética
e com potência de elevação ao significado enésimo.
Aresta, adorno, ornato sobrecarregam
a voz que enuncia.
Deles liberto; o verso sem sombras,
livre das gorduras saturadas,
diz a que vem.
Esconde sua alma no próprio sol.
Ali se oculta e ali se apresenta
como o osso de um cachorro,
o pé de quem dança,
as nervuras da cana que fazem do seu exterior
a proteção ao que tem de interior.
Trata-se de um arriscado projeto de arte e de vida:
apresentar-se como exterioridade
e ofertar ao fogo um conteúdo interno possível.
Nesse conturbado risco dá-se a invenção cabralina.
O poeta ateu que treme de medo do purgatório.
O poeta da fímbria que evita o interno
como um ourives alcança o diamante obsessivamente
rejeitando o que não é essencial.
João Cabral, não por acaso
explodiu o poema em clareza de beleza infinita,
em pensamento nítido que faz do verso
um poema dentro do poema.
Em compensação, sua criatura (corpo e matéria psíquica),
implodiu-se em dores de cabeça quarenta anos a fio,
úlceras, cegueira e angústia exacerbada.
Enquanto o leitor é premiado com febre literal
diante do absurdo da beleza,
o autor dos versos consome-se em fadiga emocional
pela produção do pensamento em verso.
São escolhas.
João (que não me ouça por tanto desatino!) levou-se
à poesia.
E um ou outro leitor mais atento saberá localizar
o que em João é dentro.
Ei Rena!!!parabéns pela inserção no mundo virtual! é divertido!parece que damos o endereço de nossa casa e abrimos nossas idéias pra todos. Passamos a morar num espaço infinito e que pode chegar a quem quiser as chaves dessa nossa casa de tela branca. Agradeço a você por eu estar aqui, e criar a “rota” pro meu myspace, minha casa também por aqui. felicidade, boas trocas, bons contatos e novos amigos das letras!abraço,Jana